África está “preocupantemente atrasada” na implementação de normas de rastreio de bagagem, no combate ao fenómeno ‘malas perdidas’ no sector da aviação, refere a Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA).
Apesar do progresso da indústria aérea global na redução do extravio de bagagens, África está, de longe, atrás de outras regiões do mundo, sendo que, segundo a IATA, apenas 27% das transportadoras do continente implementaram totalmente a norma, em comparação com 88% na China e no Norte da Ásia, 60% nas Américas e 40% na Europa e Ásia-Pacífico.
Após anos de esforços, a indústria aérea global está a fazer progressos significativos na redução de bagagens perdidas, através da implementação da Resolução 753 da IATA, que insta as companhias aéreas a rastrearem a bagagem no check-in, carregamento, transferência e chegada.
“Embora a taxa global de bagagem extraviada tenha caído quase 60% entre 2007 e 2022, os viajantes esperam melhor”, admite a directora de Operações Terrestres da IATA, Monika Mejstrikova, citada pela imprensa marroquina.
Em 2022, foram perdidas 7,6 malas por cada 1.000 passageiros, a maioria das quais foram encontradas em 48 horas.
Embora 75% dos aeroportos pesquisados tenham evidenciado capacidades exigidas pela Resolução 753, existem disparidades significativas, dependendo do seu tamanho: apenas 61% dos aeroportos de média dimensão (5 a 15 milhões de passageiros/ano) cumprem as normas, em comparação com 75% dos grandes aeroportos (mais de 40 milhões).
Tecnologias de rastreamento em questão
A maior parte do atraso de África pode ser explicada, segundo a IATA, pela utilização insuficiente de tecnologias avançadas. O leitor óptico de códigos de barras, menos eficiente, continua a dominar (73% dos aeroportos), sendo que apenas 27% adoptaram o chip RFID, que permite um rastreamento em tempo real muito mais eficiente.
“Os mega-aeroportos integraram melhor o RFID, sendo que 54% deles já o implementaram”, afirma Monika Mejstrikova, uma observação que mostra que as maiores plataformas aéreas do continente terão capacidade para cumprir os padrões de rastreio de bagagens.
Para além das tecnologias, a IATA destaca as deficiências do sistema de mensagens que liga as empresas aos seus parceiros para a troca de dados de rastreabilidade, considerando que o obsoleto sistema de mensagens do tipo B constitui um obstáculo e uma fonte de erros.
A directora de Operações Terrestres da IATA avançou que está em curso uma transição para XML mais moderna, com uma primeira experiência prevista para 2024.
“Isto criará uma linguagem comum e inteligível para uma comunicação eficaz sobre bagagem entre as partes interessadas, abrindo caminho para outras inovações”, declarou.
Investimento massivamente precisa-se
Para os especialistas da Associação Internacional de Transporte Aéreo, dado o rápido crescimento do tráfego aéreo no continente, África deve adoptar investimentos significativos na modernização das suas infra-estruturas aeroportuárias e na formação do seu pessoal.
As questões de segurança, fluidez e experiência do cliente são essenciais para o crescimento sustentável do transporte aéreo africano, pelo que a Resolução 753 é um primeiro passo necessário que exige mudanças profundas.
Não há dúvidas de que os próximos anos serão examinados de perto pelas autoridades internacionais para garantir que o continente africano mantenha o ritmo na sua corrida para modernizar a gestão de bagagens, segundo a IATA.