O Zimbabué precisa de arranjar, até ao final da década, pelo menos 3,7 mil milhões de dólares por ano se quiser melhorar a sua economia e concretizar a visão de se tornar um país de rendimento médio alto, afirmou o Banco Africano de Desenvolvimento (BAD).
Segundo o relatório do BAD, instituição com sede em Abidjan, na Costa do Marfim, o défice de financiamento equivale a 13,4% do Produto Interno Bruto (PIB) anual, e a magnitude destas necessidades de financiamento estimadas “lança dúvidas sobre a capacidade do Zimbabué para mobilizar estes recursos financeiros”.
Citado pelo Diário Económico, o documento do BAD revela que o Zimbabué tem 9,4 mil milhões de dólares de dívidas multilaterais e bilaterais por pagar, 78% das quais correspondentes a penalizações e atrasos nos pagamentos de juros e do capital.
Além disso, os dados da instituição financeira indicam que o país africano deve 4,1 mil milhões de dólares aos membros do Clube de Paris, com a Alemanha, a França, o Reino Unido, o Japão e os Estados Unidos da América a representarem 76% do montante.
“Deve 2,1 mil milhões de dólares a credores fora desse grupo, a maior parte dos quais à China”, revela o BAD, além de sublinhar que, desde 1999, os mercados internacionais de capitais bloquearam o Zimbabué após o incumprimento das suas dívidas.
Na notícia publicada pelo DE, o BAD, que é o principal conselheiro financeiro nos planos de liquidação da dívida do Zimbabué, afirmou que o país registou uma “transformação estrutural mínima” nas últimas quatro décadas, “com a economia a permanecer fortemente dependente dos sectores primários, como a agricultura, e com progressos limitados na transição para sectores de maior valor, como a indústria transformadora”.
“A dívida pública do país aumentou 55%, para 21,2 mil milhões de dólares em 2023, em relação aos dois anos anteriores, principalmente devido à inclusão de 3,5 mil milhões de dólares que tem de reembolsar aos antigos proprietários agrícolas, e de 3,7 mil milhões de dólares de responsabilidades do banco central que o Tesouro assumiu”, lê-se na notícia.
Dados da BNN Bloomberg explicam que, no início deste ano, os Estados Unidos da América suspenderam seu envolvimento nas conversações sobre a reestruturação da dívida do Zimbabué.
