O sector bancário angolano enfrenta um défice de conhecimento em finanças sustentáveis, alertaram especialistas durante a IIIª Conferência sobre Sustentabilidade na Banca.
Esta lacuna técnica, considerada o principal obstáculo à implementação efectiva de critérios ambientais e sociais, foi amplamentedebatida por reguladores, banqueiros e representantes de organismosinternacionais.
A chefe de divisão de regulação do Banco Nacional de Angola (BNA), Rosa Kajibanga, foi peremptória durante a mesa-redonda: "Desafios e oportunidades que o financiamento sustentável pode trazer ao sector financeiro", organizada pela Associação Angolana de Bancos (ABANC).
"Não podemos implementar regulamentações efectivas sobre riscos climáticos sem que as instituições compreendam estes conceitos", disse a responsável destacando que a avaliação de riscos físicos e de transição ainda é novidade para muitos gestores.
Olivia Falanga, especialista sénior da International Finance Corporation (IFC), reforçou que é preciso criar condições para desenvolver mercados sustentáveis através do sector privado.
A especialista destacou o trabalho conjunto com o BNA para construir um ecossistema favorável a investimentos verdes.
Por seu lado, Cristina Lourenço, presidente da Comissão Executiva da BODIVA, chamou a atenção para a fraca preparação técnica de muitos projectos que buscam financiamento sustentável.
"Antes de pensar em instrumentos financeiros, é preciso adoptar práticas de sustentabilidade nas empresas", afirmou. "Há ainda desafios na elaboração de métricas claras para medir impactos ambientais e sociais"
A responsável destacou que, no mercado de capitais angolano, o financiamento sustentável tem sido impulsionado principalmente pela emissão de obrigações verdes, mas que a falta de padrões dificulta a comparação de resultados.
BCS e BFA destacam mudança cultural
A administradora Executiva Odyele Cardoso enfatizou a necessidade de "sistemas transversais para medir impactos socioambientais".
Já o presidente da Comissão Executiva do Banco Fomento de Angola, Luís Gonçalves, reconheceu os desafios, mas destacou também oportunidades. "Temos de construir uma agenda própria, adaptadaà realidade angolana, e não seguir modelos externos que possam ser inalcançáveis”, enfatizou o PCE.