As vendas de bens realizadas pela economia moçambicana para o resto do mundo em 2024 renderam ao país 8,2 mil milhões de dólares (correspondente a 37,2% do PIB), o que significa uma redução de 1% quando comparado com o ano anterior.
Os dados constam no Relatório Anual da Balança de Pagamentos (BoP), divulgado pelo Banco de Moçambique (BdM).
Segundo o relatório a que a revista Economia & Mercado (E&M) teve acesso, a redução registada nas receitas de exportação é justificada pela queda das vendas dos produtos da economia tradicional em 5%, num cenário em que as exportações dos Grandes Projectos (GP) registaram um ligeiro aumento de 0,5%.
“A redução das exportações da economia tradicional em cerca de 96 milhões de dólares deveu-se, essencialmente, à diminuição das vendas de rubis, no valor de 153 milhões de dólares, resultado do efeito conjugado da redução da qualidade do rubi, com impacto no preço do leilão e da tensão pós-eleitoral, que condicionou a produção”, lê-se no documento.
Adicionalmente, o relatório relata igualmente que o algodão teve um grande impacto na queda de receitas de exportações para Moçambique. Segundo o BdM, o algodão rendeu ao país 14 milhões de dólares, o que significa uma redução acima de 100%, quando comparado com o ano de 2023.
“Este desempenho foi consequência da queda em cerca de 9% do preço da fibra de algodão no mercado internacional, entre outros factores”, lê-se no documento.
Assim, as receitas provenientes da exportação do tabaco e de legumes e hortícolas registaram uma evolução positiva na ordem de 40% e 11%, respectivamente.
“O acréscimo nas receitas do tabaco foi justificado pelo incremento do volume de vendas em 63%, num contexto de estabilidade de preços, totalizando 217 milhões de dólares. Já para legumes e hortícolas, o incremento das vendas destes produtos em 11 % para 167 milhões de dólares, foi influenciado pela retoma à normalidade do processo de produção e do escoamento dessas culturas, após terem sido afectadas pelas condições climatéricas adversas que assolaram o País em 2023”, detalha o boletim.
Mais adiante, o relatório do BdM aponta, igualmente, que as receitas da castanha de caju e do açúcar tiveram também destaque neste período em análise. “As exportações da castanha de caju cresceram 72% para 98 milhões de dólares enquanto as do açúcar atingiram 36 milhões, o que equivale um incremento de 50%”, assinala o BoP, sublinhando que “este comportamento deve-se à recuperação da produção após os efeitos climáticos adversos ocorridos em 2023”.
No caso dos Grandes Projectos, o documento explica que o aumento em 30 milhões de dólares para 6,2 mil milhões foi influenciado pelo acréscimo nas receitas do gás em 241 milhões e da energia eléctrica em 31 milhões de dólares.
“O crescimento das receitas do gás natural é associado ao aumento da exportação do gás da Área 4 da Bacia do Rovuma, num contexto em que o preço médio no mercado internacional baixou 15%. Quanto à energia eléctrica, o incremento continua sendo sustentado pela revisão em alta do preço de exportação aplicado aos principais clientes, pela principal empresa exportadora deste produto”, refere.
No geral, o BdM considera que a queda dos preços no mercado internacional e da redução do volume exportado para alguns produtos da indústria extractiva foram as principais razões que ditaram a evolução negativa das receitas dos principais produtos dos Grandes Projectos no ano de 2024, destacando “o carvão mineral que rendeu 2 mil milhões de dólares contra 2,2 mil milhões de 2023”. As areias pesadas é um dos produtos que também mereceram destaque por ter arrecadado 467,7 milhões em receitas, contra 514,6 milhões de dólares no ano anterior.
A Índia, China e África do Sul foram os principais destinos dos produtos moçambicanos durante o período em referência.