O Investimento Directo Estrangeiro (IDE) em África aumentou 75% em 2024, atingindo um recorde de 97 mil milhões de dólares, impulsionado por um grande projecto urbano no Egipto, de acordo com o relatório referente ao investimento mundial da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD, na sigla em inglês).
Apesar da subida expressiva, o documento alerta que o valor deve ser interpretado com cautela, devido ao peso específico deste único projecto, como escreve a Lusa.
“Sem o investimento no Egipto, o crescimento do IDE em África teria sido de 12%, alcançando 62 mil milhões de dólares”, lê-se na notícia publicada nesta quinta-feira, 19 de Junho.
Mesmo com este efeito isolado, África representou 6% dos fluxos globais de IDE em 2024, melhorando face aos 4% registados no ano anterior. Sem o projecto egípcio, estima-se que essa proporção teria permanecido estável nos 4%, segundo a UNCTAD.
“As medidas neste âmbito continuaram a ter um papel de destaque em África, representando 36% das políticas favoráveis aos investidores”, destacou a organização.
Os investidores europeus continuam a liderar o stock de IDE no continente, seguidos pelos Estados Unidos da América e pela China. Esta última investiu 42 mil milhões de dólares, sobretudo nos sectores farmacêutico e de transformação alimentar.
No plano regional, como escreve o órgão de comunicação citado, o norte de África destacou-se como principal destino dos investimentos, impulsionado pelos já anunciados projectos egípcios.
A África Austral, onde se incluem Angola e Moçambique, registou uma subida de 44% no IDE, passando de 7 mil milhões para 11 mil milhões de dólares.
Em sentido contrário, a África Ocidental, que inclui países como Cabo Verde e Guiné-Bissau, teve uma quebra de 7%, com os investimentos a caírem de 16 mil milhões para 15 mil milhões de dólares, segundo os dados do estudo da UNCTAD.
A nível global, o IDE aumentou 4% em 2024, atingindo 1,5 biliões de dólares. No entanto, este crescimento reflecte, de acordo com a Lusa, a volatilidade dos fluxos financeiros na Europa, que frequentemente funcionam como pontos de trânsito para investimentos, escondendo uma tendência geral de declínio.