IFC Markets Live Quotes
Powered by
3
1
PATROCINADO

Má distribuição de divisas entre os principais entraves

Angela Canganjo
19/10/2018
1
2
Foto:
DR

Baixa de produção, despedimento de trabalhadores, atrasos no pagamento a fornecedores e até mesmo falência de empresas são algumas das consequências da crise económica e cambial.

Para os empresários, a percepção é a de que a inflação está mais ou menos estabilizada, sendo que algumas medidas do Governo ajudam a reforçar a confiança na economia. Porém, entre os obstáculos que persistem destaca-se a má distribuição das divisas.

O administrador do Grupo Líder, João Macedo, afirma que o período durante todo o ano de 2017 e o início de 2018, em Angola, foi muito di­fícil para os empresários que, além de terem um acesso mais limitado às divisas para importar factores de produ­ção ou pagar fornecedores, tiveram de enfrentar a des­valorização “a ferro e fogo” do kwanza e gerir os recur­sos disponíveis no sentido de não fecharem as portas.

“A desvalorização da moe­da tirou-nos muito poder de aquisição de produtos im­portados, quer os que com­pramos directamente do exterior, quer os que adquiri­mos aos fornecedores locais, porque os preços subiram brutalmente e as nossas ven­das não conseguiram acom­panhar a desvalorização”, recorda-se João Macedo, que aponta, entretanto, melho­rias nos últimos seis meses.

Já uma fonte que pediu ano­nimato apontou como princi­pal avanço nos últimos seis meses a retoma do pagamen­to a fornecedores no estran­geiro, o que tem permitido, na sua opinião, recuperar a confiança daqueles no mer­cado angolano. O empresá­rio que actua no sector dos serviços afirma que, “quer gostemos quer não, a depen­dência de fornecedores es­trangeiros mantém-se, pelo que é importante retomar e normalizar os pagamentos ao estrangeiro, sem os quais obrigatoriamente a econo­mia tem de arrefecer, pois não existem ainda alternati­vas em Angola. Falo de forne­cedores de mercadorias e de serviços”, reforçou.

Na mesma linha de pensa­mento, o director-executivo da Habitec, Felisberto Ca­pamba, que actua no sector manufactureiro, afirma que face às limitações de acesso às divisas tem vivido um de­safio constante, tal “como ou­tras empresas”, já que a crise tem obrigado os gestores a serem o mais realistas possí­vel e a agir dentro dos seus limites financeiros.

“Face à falta de matérias­-primas, as indústrias como a Habitec, que dependem em mais de 90% de importações para adquirirem factores de produção, perdem a capaci­dade de resposta às necessi­dades dos clientes”, esclare­ceu, tendo acrescentado que “a falta de divisas asfixiou muitas empresas. “Mesmo aquelas que tinham liquidez suficiente em moeda nacio­nal para manter a produção, também foram afectadas por falta de divisas”, garante.

Ainda de acordo com Felis­berto Capamba, as empre­sas com maior liquidez em moeda nacional tiveram de recorrer ao mercado infor­mal para compensar a ca­rência de divisas na banca comercial.

Leia mais na edição de Julho de 2018.

Economia & Mercado - Quem lê, sabe mais!