As autoridades marroquinas garantem ter chegado a acordo com o Governo francês para o desbloqueio de uma directiva da União Europeia (UE) que ameaçava restringir o envio de remessas de marroquinos residentes no exterior do país.
O protocolo com o Tesouro francês, escreve o portal marroquino Le360, será finalizado em Julho, marcando um importante passo na defesa dos interesses económicos do estado monárquico africano, que estabeleceu como próximo passo convencer outros países europeus onde a diáspora marroquina está fortemente estabelecida.
Abdellatif Jouahri, do Bank Al-Maghrib (BAM), destacou que o Tesouro francês compreendeu e levou em consideração o interesse e a importância da actividade de transacção dos bancos marroquinos para os marroquinos residentes no exterior e para a balança de pagamentos de Marrocos.
"Estou, agora, mais tranquilo. O Tesouro francês compreendeu claramente o problema e as dificuldades que esta directiva europeia representava para Marrocos; solicitou-nos informações adicionais, que fornecemos”, afirmou.
Em causa está uma directiva elaborada pela Direcção de Estabilidade Financeira, Serviços Financeiros e União dos Mercados de Capitais da Comissão Europeia, adotada pelo Parlamento Europeu e publicada a 19 de Junho de 2024, com entrada em vigor prevista para Janeiro de 2026.
O texto visa, em primeiro lugar, bloquear a actividade dos bancos britânicos no espaço comunitário, após a saída do Reino Unido da União Europeia (Brexit), tendo como alvo a presença de todos os bancos estrangeiros na UE.
A decisão afecta, assim, directamente os bancos marroquinos que têm subsidiárias ou filiais em sete países europeus, além de dezenas de escritórios de representação na Europa, observa o portal marroquino consultado pela revista Economia & Mercado.
Essas diversas entidades actuam na intermediação bancária e oferecem aos seus clientes, especialmente marroquinos residentes no exterior, diversos serviços bancários, como abertura e gestão de contas e transferências de dinheiro.
Pelo que o impacto da directiva no fluxo de transferências de marroquinos que vivem no exterior preocupa as autoridades marroquinas, uma vez que os bancos marroquinos que operam na UE desenvolveram uma relação próxima com a diáspora, facilitando o envio de fundos para Marrocos.
Após desfecho favorável nas negociações com França, as autoridades marroquinas preparam-se, agora, para abordar outros países europeus com presença significativa dos seus cidadãos, como Espanha, Itália, Holanda e Bélgica.