Os dados oficiais da banca revelam que o volume total de depósitos no sistema financeiro alcançou 17,9 biliões de kwanzas em 2024. Este valor representa um aumento de 2% em comparação com os 17,6 biliões de kwanzas registados em 2023.
Este desempenho ficou aquém do aumento da massa monetária, que cresceu 5% no mesmo período, indicando que uma parcela significativa da liquidez em circulação não está a ser absorvida pelos bancos, conforme apurou a E&M num estudo da Deloitte sobre a Banca.
A discrepância entre o crescimento da massa monetária e o volume de depósitos sugere que uma parte crescente do numerário está a permanecer fora do sistema financeiro formal, seja em poder das famílias, empresas ou no mercado informal.
Segundo o economista Paulo Gomes, "este cenário reflecte não apenas questões culturais de preferência pelo numerário, mas sobretudo falhas estruturais na intermediação financeira".
O mesmo especialista alerta que "esta fuga de liquidez para fora do sistema bancário cria um efeito bola de neve: menos depósitos significam menos capacidade de concessão de crédito, o que estrangula o financiamento às Pequenas e Médias Empresas (PMEs) e às famílias".
Paulo Gomes defende que "reverter este cenárioexige intervenções coordenadas, desde campanhas agressivas de bancarização digital até reformas que aumentem a atractividade dos depósitos, passando por uma maior fiscalização da economia paralela".
Queda nos depósitos a prazo
Embora os depósitos a prazo tenham registado um decréscimo de 1% em 2024, continuam a captar o interesse dos aforradores, apesar das taxas de remuneração cada vez mais baixas.
O montante aplicado neste produto tradicional de poupança diminuiu 1%, para 9,4 biliões de kwanzas. O peso dos depósitos a prazo tem vindo a aumentar desde 2015, quando representavam 44%. Contudo, este ciclo de crescimento foi interrompido em 2020, ano em que os depósitosà ordem passaram a representar cerca de 53% do total.