Questionou-se também a autoridade desse ministro para fazer acontecer um projecto de transporte aéreo doméstico sem o conhecimento do Presidente da República, titular do poder executivo. Recorde-se que o projecto previa a compra de mais de meia dezena de aviões Q-400 à Bombardier do Canadá, sob o guarda-chuva de uma garantia soberana de 200 milhões de dólares, e acções de for- mação de pilotos, assistentes de bordo e mecânicos. Tornou-se ruidosa a questão de, nesta iniciativa, se pretender associar operadores privados referenciados na praça como empresas do sector com graves dificuldades financeiras, à excepção de uma, a Bestfly. Mais esquisito foi arrolar-se no processo a TAAG e a ENANA, não devendo esta última aparecer em caso algum como accionista de qualquer projecto do género, visto ser uma gestora de aeroportos. No fim, e resumindo, este caso foi ape- nas mais um entre outros tantos absolutamente esquisitos que aqui e ali vão aparecendo no país com a cobertura de não se sabe quem. Deu nas vistas por ser absolutamente esquisito o cocktail de empresas seleccionadas e por ter merecido a re- provação do Chefe de Estado a partir de uma entrevista con- cedida a uma rede de televisão estrangeira, no estrangeiro. Fica por perceber se a sua visita a França, e o relançar das re- lações com esse importantíssimo país europeu, não terá tam- bém influenciado a decisão. A França produz os ATR, aviões concorrentes da Bombardier. Mas o futuro dirá...
A TAAG precisa de encontrar a sua estabilidade num meio em que possa gerir com independência e rigor os seus destinos, livre de influências que, em muitos casos, vão para além do interesse do Estado, o único accionista.
Este incidente não apaga, contudo, a necessidade de olhar-se para a TAAG no seu todo e para a sua reestruturação. Tendo sido afastada uma gestão tida como competente, substituída pela gestão da Emirates, que mais tarde tomou a iniciativa de sair, e agora gerida por uma combinação de quadros nacionais e estrangeiros, a TAAG precisa de encontrar a sua estabilidade num meio em que possa gerir com independência e rigor os seus destinos, livre de influências que, em muitos casos, vão para além do interesse do Estado, o único accionista. Este de- verá ditar os grandes objectivos, prover a empresa dos meios financeiros mínimos à prossecução desses e escolher a equipa de gestão com autonomia clara para os alcançar. O exemplo da Ethiopian Airlines deveria ser retido. A empresa foi nacionali- zada no tempo em que Mengistu Hailé Mariam tomou o poder. A qualidade da gestão da empresa caiu vertiginosamente. Co- rajosamente, o Governo recolocou na gestão os antigos donos que tão bem tinham gerido a companhia. Traçou objectivos e deu completa independência aos gestores, tanto em matéria de política comercial, quanto de definição de rotas e gestão de recursos humanos e tecnológicos. A Ethiopian Airlines é hoje a melhor companhia área africana e a 42a no ranking mundial. Se há que rever o transporte aéreo doméstico no país, façamo- -lo no âmbito da TAAG. É a companhia com estrutura e experiência clara para o fazer. Dotem-na dos meios, sejam Q-400 ou ATRs. Ambos são válidos. Reveja-se a utilização dos Boeings 737/700

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