O recurso pelo Governo Angolano ao FMI para um Programa de Financiamento Ampliado é, a meu ver, uma boa decisão, pecando apenas por tardia. Acho que, independentemente da situação de crise que vivemos, já o devíamos ter feito há mais anos. E é uma boa decisão porque pode evitar, se assumido seriamente, a situação de resgate com consequências de ordem social muito difíceis.
É facto que a actual situação resultou de factores conjunturais. A baixa repentina do preço do petróleo (nossa quase única fonte de exportação) deixou-nos descalços. Temos também responsabilidades internas e muitas relacionadas com opções políticas e económicas sobre o nosso crescimento. Durante muitos anos, o país viveu sobretudo de trading. Ganhámos rios de dinheiro com o petróleo e não o aplicámos de forma a criarmos produção e consumo interno estruturados. Elaborámos leis super proteccionistas que afastaram os investidores que nos podiam ajudar nesse desiderato. Por outro lado, abrimos as portas a puros mercadores que propiciaram riquezas questionáveis completamente exportadas para fora do país. O nosso país tudo comprava e quase nada produzia. Os recursos financeiros do petróleo não foram canalizados para a produção interna e para a transformação. Serviram quase apenas para comprar. O nosso país não vende. Mesmo em obras públicas que, reconheça-se não foram poucas, esses recursos não viram reflectidos em qualidade o valor investido. Há um rol de obras absolutamente questionáveis do ponto de vista do seu benefício. Projectos muito caros, de pura maquilhagem, mas sem substância. São, sobretudo, pouco ou quase nada produtivos. Investimentos mal acompanhados, insuficientemente fiscalizados, que absorveram, sem retorno, riqueza nacional.
O país precisa de produção interna, de indústria, de serviços, de consumo e de vender. O petróleo deve ajudar a criar a plataforma para atingir esse objectivo. Devemos, definitivamente, perceber a oportunidade que é para o nosso futuro, o futuro das nossas gerações, o ter petróleo, adequando o nosso orçamento a uma parte das suas receitas, guardando outras duas para situações de contingência e para a criação de uma economia reprodutiva.
Acredito que o valor da ajuda que estamos a pedir seja significativamente superior ao de 2009, quando contraímos ao FMI um empréstimo de 1,4 mil milhões de dólares norte-americanos através de um acordo de crédito contingente para um período de três anos. Este será de dez anos, essencialmente focado, segundo as autoridades, em reformas estruturais apontadas para o levantamento de uma economia não petrolífera assente não apenas na arrecadação de receitas fiscais. O país precisa de produção interna, de indústria, de serviços, de consumo e de vender. O petróleo deve ajudar a criar a plataforma para atingir esse objectivo. Devemos, definitivamente, perceber a oportunidade que é para o nosso futuro, o futuro das nossas gerações, o ter petróleo, adequando o nosso orçamento a uma parte das suas receitas, guardando outras duas para situações de contingência e para a criação de uma economia reprodutiva. A África do Sul está com problemas económicos causados pela baixa dos preços de matérias-primas, mas tem aquilo que nós não temos. Produção, indústria, serviços e consumo interno. E exporta, exporta significativamente. E isso confere valor à sua moeda.
O Programa de Financiamento Ampliado do FMI vai impor-nos exigências estruturais e sacrifícios. Não há almoços grátis. Mas é uma oportunidade para arrumarmos a casa e fazermos deste país uma nação de bem-estar para todos. Estamos a exigir muito, mas mesmo muito do nosso povo. Temos de assumir que errámos, que não fizemos as melhores escolhas e que é o tempo de corrigirmos. Não o fazer é conduzir a uma situação de risco muito complicada. Economia & Mercado - Quem lê, sabe mais!

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