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OT concentram 89% do stock da dívida titulada

Fernando Baxi
9/6/2025
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Foto:
DR

Alta concentração em OT, segundo analistas, pode gerar picos de vencimento em determinados anos, o que aumenta o risco de refinanciamento.

O stock da dívida pública titulada situou-se em pelo menos 13,64 biliões de Kwanzas (quase 14,8 mil milhões USD ao câmbio do dia))  no mês de Abril de 2025, reflectindo um aumento de aproximadamente 0,48% face ao período homólogo, calculou a E&M com base nos dados divulgados pelo Banco Nacional de Angola (BNA).

Da informação divulgada pelo banco central pôde-se concluir que, aproximadamente, 89% (pelo menos 12,1 biliões Kz) do stock da dívida pública corresponde a obrigações do tesouro, enquanto 11% (1,5 biliões Kz) bilhetes do tesouro (OT), instrumento cuja maturidade é de curto prazo.      

A concentração de quase 89% do stock da dívida pública titulada em OT é considerada vantajosa para o Estado, tendo em conta a previsibilidade e controlo dos custos. Este instrumento financeiro (geralmente) tem prazo fixo, assim como juros definidos no momento da emissão.   

Pelo facto do grosso da dívida estar concentrada em títulos de médio e longo prazo, segundo analistas, o Estado reduz o risco de refinamento (rolagem frequente da dívida), ajudando a evitar crises de liquidez. 

A emissão de OT, defendem analistas do mercado de capitais, também contribui para o desenvolvimento de um mercado secundário eficiente, visto que melhora a liquidez e a atractividade da dívida pública.

Outra vantagem apontada por especialistas é que, se as obrigações do tesouro forem emitidas em Kwanza, o Estado protege-se contra a volatilidade cambial, ao contrário de dívidas em moeda estrangeira, sobretudo USD. Há menos exposição aos choques cambiais.

As obrigações do tesouro tendem a ser compradas por fundos de pensões, bancos e investidores institucionais, que mantêm os títulos por mais tempo, garantindo estabilidade (base de investidores mais estável).      

Independentemente dos aspectos positivos, analistas consideram que ter quase toda a dívida concentrada num único tipo de título pode reduzir a flexibilidade da política de endividamento. Nos momentos stress financeiro, o Estado pode ter dificuldade em ajustar o perfil da dívida.        

Alta concentração em OT, segundo analistas, pode gerar picos de vencimento em determinados anos, pressionando o Tesouro a refinanciar grandes volumes de uma só vez, o que aumenta o risco de refinanciamento (rollover risk).