Pedro Rosa é um jovem angolano nascido em Luanda, no município do Cazenga, com formação superior em Economia pela Universidade Católica de Angola (UCAN). Embora seja profissional da banca, não ‘abre mão’ da paixão que desde muito cedo nutre pela investigação cultural.
“Acredito que primeiro sou investigador, só depois é que sou bancário”, explica o também autor da obra “O Nosso Semba” - uma narrativa que se ‘cose’ com linhas de investigação ‘pura e dura’, lançada em 2024, com chancela da Mayamba Editora.
Apesar da juventude que a aparência física demonstra e o bilhete de identidade certifica, Pedro Rosa fala da cultura nacional, especialmente do Semba, como se tivesse presenciado, sem qualquer distracção, cada detalhe da história desta variante musical angolana que classifica como internacional.
O amor à investigação cultural, que quase se perdeu com sua entrada no ensino superior, teve como principal nutriente a Feira Internacional do Livro e do Disco, organizada por Jomo Fortunato, antigo ministro da Cultura.
“Sempre estivemos muito ligados. Eu praticamente era um coadjuvante do projecto. Então, estava muito ligado a esse ambiente”, explica.
Pedro Rosa tem o então ministro Jomo Fortunato como mestre e principal referência, o qual aponta como expoente máximo em matérias de investigação cultural e conhecimento da música nacional.
À Economia e Mercado (E&M), o autor do O Nosso Semba explica que, embora tal afirmação nalgumas vezes gere contraditório, Jomo Fortunato é, a seu ver, aquele que apresenta conceitos muito bem estruturados e articulados a respeito do que se pode entender sobre a música e a história.
Fala, sobretudo, do conhecimento sobre a transposição do folclórico para a música popular urbana, dos acontecimentos, nomes e de grupos que foram fundamentais na construção da música angolana.
“Tem sido uma peça fundamental naquilo que é o arquivo oral da cultura angolana”, acrescenta o jovem que, além da investigação cultural, está ligado ao associativismo político e cultural. Tem em vista, com outros pares, a criação do Fundo de Solidariedade e Apoio aos Artistas (FUSART).
Os ‘melhores’ do Semba: uma escolha difícil e criteriosa
Respondendo ao questionamento da E&M, Pedro Rosa apresenta proposta de uma canonização dos fazedores do Semba, que entende não ser apenas um estilo musical.
Explica, à partida, que pode ser uma selecção de difícil entendimento para outras pessoas, na medida em que não recorre apenas aos nomes de cantores, mas à história e, sobretudo, fundamenta com os instrumentistas.
“O Semba tem um nome que dispensa qualquer apresentação. Trata-se de Liceu Vieira Dias. Sempre que falarmos do Semba e da música, temos de incluir o nome de Liceu Vieira Dias - é a figura embrionária que mostra caminhos da música angolana, não só do Semba”, explica.
Pedro Rosa explica que Liceu Viera Dias, um dos maiores guitarristas que Angola teve, inspirou, entre vários nomes, Marito Souza Arcanjo, Boto Trindade e Carlitos Vieira Dias.
Na sua perspectiva, o segundo da lista é Amadeu Amorim, que o classifica como “um percussionista de mãos cheias e de grande alcance cultural”. Para o investigador cultural, Amadeu Amorim é um dos maiores e primeiros percussionistas da música angolana.
Descendo a árvore, incluindo os que chama de ‘mais jovens’, cita o nome de Dom Caetano, ao qual intitula “um dos grandes intérpretes e letristas da música angolana”.
Para o quarto da lista, cita André Mingas, que entende ser um artista versátil que há muitos anos se preocupou com a cultura nacional e a música tradicional.
“Nos seus álbuns, André Mingas juntou muitos clássicos, trazendo o jazz numa mistura com o Semba. Então, dou muita importância a esse feito”, justifica.
Para encerrar o seu ‘top 5’, Pedro Rosa cita Yuri da Cunha, que entende ser um elo entre a antiga e a nova geração. Gosto da forma como Yuri da Cunha interpreta o samba. Eu gosto muito de ver o Yuri nesse formato”, finaliza.

O Nosso Semba, uma comemoração nacional
O livro O Nosso Semba, lançado com a chancela da Mayamba Editora, é, para Pedro Rosa, o embrião da escrita da música angolana, que provocou transformação na forma de leitura da cultura nacional e chegou ao coração dos angolanos, entre jovens e ‘kotas’.
“Falo isso como propriedade, não por ser meu livro ou com intenção de me enaltecer. Mas é um dos primeiros livros, porque eu sou investigador. É uma comemoração nacional - é um livro de Angola”, acrescenta.

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